
Você abandonaria um amigo que está no fundo do poço, depressivo demais para fazer as coisas mais básicas, como escovar os dentes ou levantar da cama? Você negaria ajuda a um parente que está atolado de dívidas e precisa de ao menos um direcionamento sobre como sair daquela situação? Você abandonaria um filho que precisa cuidar melhor da saúde porque está muito acima do peso?
Então por que você faz isso com você mesma? Por que abandona a si mesma todos os dias?
Vamos construindo a nossa vida como fruto das nossas escolhas. O problema é que para a maioria de nós, falta discernimento nesse sentido, temos o hábito de sermos superficiais, inclusive com relação a nós mesmos, nos falta autoconhecimento e um autodomínio básico. O que significa que não sabemos qual direção seguir e, mesmo quando sabemos, nos falta autodomínio para fazer o que precisa ser feito. Nós nos abandonamos todos os dias e ainda criamos justificativas para isso.
Eu sei, eu fui muito dura. Mas eu preciso fazer você enxergar o que tem feito com a sua vida todos esses anos. Você está atolada no comodismo, vivendo no automático e tomando péssimas decisões todos os dias. Talvez você tenha negligenciado a sua saúde, talvez tenha negligenciado a sua vida financeira, talvez esteja vivendo relacionamentos fracassados, um após o outro. Talvez você até tenha alcançado certo “sucesso” na vida, mas ainda se sente vazia por dentro.
“E quem é você para apontar o dedo para mim?” é o que você deve estar pensando agora.
“Tão jovem, não sabe o que é passar por problemas de verdade na vida.”
“Papai e mamãe bancam, não sabe o que é lutar para pagar as contas todos os meses.”
“Já nasceu bonita; não precisa se preocupar com mais nada.”
Há cerca de 7 anos atrás, eu passei por um transtorno de ansiedade generalizada que me trancafiou em casa por quase 2 anos inteiros. Eu literalmente não saía de casa para nada; eu não conseguia. Eu lavava a louça sentada porque as crises de ansiedade me davam muita tontura o tempo todo. Mesmo me sentindo mal a maior parte do tempo, eu precisava engolir a dor, o choro e o mal estar e trabalhar, porque eu já morava sozinha e eu tinha um aluguel para pagar todos os meses. Aliado a isso, eu engordei quase 30kgs. Eu era a menina boazinha incapaz de dizer “não” ou impor limites nos meus relacionamentos, e vivia frustrada porque me sentia invisível, invalidada e solitária.
E eu não estou te contando tudo isso para que você sinta pena de mim. Eu parei de sentir pena de mim há muito tempo. Foi pouco depois de entender que eu estava vivendo as consequências das más decisões que eu havia tomado até aquele instante. Mais importante ainda foi entender que ninguém viria me salvar e que eu precisaria resgatar a mim mesma. Eu assumi a responsabilidade pelos meus erros e tomei a decisão de mudar. Eu demorei alguns anos para me perdoar, mas hoje eu sei que há propósito em todas as coisas e eu sinto um orgulho danado da pessoa em quem estou me transformando.
O ponto em que você está não é o fim da estrada. Talvez seja o começo dela. Mas você nunca vai descobrir se permanecer parada aí.
Se você está passando pelo inferno, continue caminhando. Por que você iria querer ficar parada no inferno?
Por que você não consegue mudar?
O lugar que você está agora, a vida que você leva agora, pode não ser exatamente “confortável”, mas é uma estrada conhecida, familiar. E o seu cérebro foi programado para buscar o que conhece. Nós podemos acreditar que estamos em busca da felicidade, mas na verdade estamos o tempo todo buscando encontrar aquilo com o qual estamos acostumados.
Você não sabe, mas vive com um sistema de crenças que foi elaborado pelo seu cérebro ao longo de toda a sua vida, de maneira insconsciente.
“Sua vida se define não só pelo que você pensa dela, mas também pelo que pensa de si mesmo. Seu autoconceito é uma ideia que você passou a vida toda construindo. Foi criado ao encaixar dados e influências de quem está ao seu redor: no que seus pais acreditavam, o que seus semelhantes achavam, o que ficou evidente por meio de experiências pessoais e assim por diante. Sua autoimagem é difícil de ajustar porque o viés de confirmação do seu cérebro trabalha para reafirmar as crenças preexistentes sobre você mesmo.” (Livro A montanha é você)
Basicamente, todos os dia, seu cérebro acorda buscando confirmar uma história:
“Eu sou ansioso demais.”
“Eu não sei lidar com dinheiro.”
“Eu tenho dedo podre para relacionamentos.”
“Eu sempre fracasso.”
Isso tem nome: viés de confirmação.
É quando seu cérebro ignora as chances de mudança para continuar acreditando em uma mentira que parece segura.
Eu vou te dar um exemplo de como o sistema de crenças e o viés de confirmação do seu cérebro agem:
Você pensa:
“Dieta não funciona para mim!”
Crença: “Já tentei de tudo e nada dá certo.”
Viés de confirmação: A pessoa lembra só das vezes que fracassou em dietas e ignora os momentos em que teve algum progresso, ou quando perdeu peso e depois abandonou.
Consequência: Não tenta mais nenhuma abordagem com consistência.
“Já sou velho demais para mudar!”
Crença: “Depois de uma certa idade, ninguém muda.”
Viés de confirmação: Vê outras pessoas mais velhas que não mudaram como prova de que isso é impossível, mas ignora os casos em que alguém mais velho fez uma transformação de vida.
Consequência: Desiste antes de tentar.
“Eu sou péssimo com dinheiro!”
Crença: “Nunca consegui me organizar.”
Viés de confirmação: Lembra só das vezes que se descontrolou ou se endividou, mas ignora quando conseguiu pagar uma conta em dia ou juntar algum dinheiro.
Consequência: Nem tenta aprender sobre finanças, por achar que é “caso perdido”.
“Eu tenho dedo podre para relacionamentos!”
Crença: “Relacionamento sempre termina em dor.”
Viés de confirmação: A pessoa só enxerga os padrões negativos nos parceiros, ignora os sinais de afeto ou estabilidade, e relembra apenas os términos ou traições como “prova” de que sempre escolhe errado. Quando conhece alguém legal, desconfia, se sabota ou cria conflitos para confirmar a narrativa.
Consequência: Permanece presa em ciclos de relacionamentos tóxicos ou evita se envolver por medo de sofrer. Reafirma a crença de que “amor não é para mim” e fecha as portas para experiências saudáveis e diferentes.
Seu cérebro ama o que é familiar — mesmo que isso te faça sofrer.
Ele foi programado para preservar energia e evitar risco.
Toda vez que você pensa diferente, ele acende um alarme:
🚨 “Isso é perigoso! Isso não é você!”
Mas na verdade… isso é só o seu sistema de crenças tentando sobreviver.
Como Contornar o Viés de Confirmação e o Sistema de Crenças Limitantes
Mas aqui vai a verdade que ninguém te contou:
🧠 Você pode reprogramar suas crenças.
📌 Você pode treinar seu cérebro para acreditar em algo novo.
📈 E sim — isso é ciência, não mágica.
Como fazer isso?
- Questione seus pensamentos automáticos.
- Busque provas do contrário.
- Substitua o “não consigo” por “estou aprendendo a…”
- Aja como se a nova crença já fosse sua verdade.
Passo 1: Tome consciência da crença
“O que eu acredito sobre mim, sobre dinheiro, sobre mudança?”
Exemplo:
- “Eu acredito que nunca vou sair das dívidas.”
- “Acredito que sou ansioso demais para ter paz.”
- “Acho que não consigo emagrecer porque sempre fracasso.”
👉 Anote essas frases. Dê nome às suas crenças.
Passo 2: Questione: isso é verdade ou é só uma história que eu me conto?
“Essa crença é baseada em fatos ou em experiências emocionais?”
Pergunte:
- Tenho evidências reais disso?
- Isso sempre foi assim?
- Existe alguém na mesma situação que conseguiu mudar?
👉 Isso ativa o pensamento crítico e começa a enfraquecer o viés de confirmação.
Passo 3: Busque ativamente provas contrárias
Seu cérebro vai querer confirmar a velha crença — você precisa treinar ele pra ver o oposto.
Exemplo:
- Comece a procurar histórias de sucesso semelhantes à sua situação.
- Lembre-se de momentos (mesmo pequenos!) em que você teve controle, paz ou resultados.
👉 Isso começa a criar fissuras no sistema de crenças antigas.
Passo 4: Substitua a crença limitante por uma crença mais útil
Não adianta só “parar de acreditar”, tem que substituir por algo mais construtivo.
Exemplos:
- Em vez de “sou péssimo com dinheiro” → “posso aprender a me organizar financeiramente, mesmo que comece do zero.”
- Em vez de “ansiedade me controla” → “posso aprender a lidar melhor com ela a cada dia.”
👉 Repetir essas novas frases com emoção reprograma seu sistema de crenças.
Passo 5: Aja como se a nova crença já fosse verdade
Comportamento muda identidade.
Exemplo:
- Quer ser uma pessoa organizada com dinheiro? Comece a anotar os gastos.
- Quer ser alguém calmo? Pratique respiração consciente todo dia, mesmo ansioso.
- Quer sair das dívidas? Dê o primeiro passo, nem que seja renegociar uma fatura.
👉 Quando você age diferente, seu cérebro começa a acreditar diferente.
Passo 6: Exponha-se ao desconforto sem fugir
A mudança exige que você “provoque” o sistema.
Toda vez que você desafia uma crença antiga, vai sentir desconforto: medo, dúvida, ansiedade. Isso é normal.
👉 A mudança vem quando você atravessa esse desconforto sem se sabotar.
Passo 7: Cerque-se de referências diferentes
Você é moldado pelo que consome, escuta e vê.
- Siga pessoas que já estão onde você quer chegar.
- Participe de comunidades com mentalidade positiva.
- Pare de se expor só a quem reforça a sua limitação.
👉 Ambiente muda crença.
Você não é o que aconteceu com você.
Você é o que você escolhe acreditar daqui pra frente.
🛑 Pare de confirmar a sua prisão.
🟢 Comece a confirmar a sua liberdade.
👉 Reescreva sua história.
Tudo muda… quando você muda o que acredita sobre si mesmo.
“Se você faz tudo sempre igual, é seguro que nunca se perca. Mas é possível que nunca se ache.” (Sérgio Vaz)
Onde encontrar boas referências?
Se você está no início da sua jornada de transformação pessoal, pode se sentir confusa sobre onde encontrar boas referências na literatura, na internet… Eu não vejo as pessoas falando muito sobre isso, parece haver um acordo para não compartilhar o trabalho das outras, como se isso fosse prejudicar o seu, não sei!
Mas o meu propósito aqui é te levar junto comigo nessa jornada de transformação pessoal. Então eu faço questão de compartilhar aqui com vocês os podcasts que eu ouço, os livros que eu leio… Eu também quero deixar aqui no vídeo de hoje uma lista de conteúdos que vão te ajudar, principalmente se você está no início da sua jornada e se sente meio perdida ainda.
Comece ouvindo o podcasts da professora Lúcia Helena, da Nova Acrópole, sobre “como fazer escolhas acertadas”:
Depois você pode assistir o mini curso dela sobre “como superar limites internos”:
Depois você vai assistir “os símbolos e as chaves de sincronicidade”:
Outro conteúdo que eu amo é o canal da psicóloga Gabriela Affonso:
Da literatura, eu vou deixar aqui de recomendação 3 livros para você começar o seu processo de desenvolvimento pessoal e transformação de vida:

1 – A montanha é você (Brianna Wiest)
2 – A coragem de não agradar (Ichiro Kishimi e Fumitake Koga)
3 – Por que ninguém me disse isso antes? (Dra. Julie Smith)
Eu quero que você volte aqui depois e me conte quais mudanças você já tem sentido na sua vida depois de consumir esses conteúdos, combinado?
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