
“Na próxima semana, preciso tentar resolver isso…” é o que você recita para si mesma todas as vezes que deita a cabeça no travesseiro para dormir e se lembra das dívidas. Essa é uma das frases clássicas de quem está tentando fingir que o problema não existe. Acontece que ele existe, e se forem dívidas no cartão de crédito, elas estão crescendo absurdamente por conta dos juros.
No Brasil, da parcela de endividados, quase 90% são dívidas no cartão de crédito. Não é à toa: o cartão de crédito é um dos empréstimos com acesso mais fácil (praticamente qualquer pessoa consegue acesso a um cartão de crédito) e a maioria dos brasileiros não tem educação financeira para utilizá-lo da maneira certa. Acabam não conseguindo arcar com o compromisso integral da fatura, pagam o mínimo e caem no rotativo do cartão, cuja taxa de juros, em setembro do ano passado, chegou a 438% ao ano.
Eu também já caí nessa armadilha e me endividei com cartão de crédito por falta de conhecimento na época. Meu salário diminuiu, eu não consegui pagar a fatura total, caí na cilada de pagar o valor mínimo ofertado pelo banco, depois tentei o reparcelamento das próximas faturas, e a bola de neve foi só aumentando.
Se você tem dívidas no cartão de crédito ou simplesmente quer aprender estratégias para usá-lo da maneira certa, este vídeo é para você. Eu vou te contar as estratégias que eu utilizei para sair das dívidas, quitar o cartão de crédito, e ter tranquilidade financeira de novo!
Saiba o valor da sua dívida
O primeiro passo que você precisa dar se está endividada é saber o valor real da sua dívida. Parece óbvio demais, mas a maioria das pessoas não sabe de fato quanto deve, às vezes tem até medo de olhar para isso, mas é importante que você saiba exatamente quais são as dívidas e qual o montante real delas.
Mesmo que você não tenha como pagar agora, você precisa ter uma noção de quanto está a dívida e de como ela está crescendo.
Você pode pegar uma folha de papel e anotar: dívida 1, dívida 2, dívida 3… Depois anote qual o tipo de dívida (se é cartão de crédito, cheque especial, etc). Depois anote o credor (informe o nome do credor ou do banco). Depois cheque no contrato e anote também a taxa de juros dessa dívida. Anote o total de prestações e o valor dessas prestações.
No livro Como organizar sua vida financeira, o autor ensina direitinho como fazer essa planilha de organização de dívidas, mas é basicamente isso que eu falei, você vai anotar o tipo de dívida, o nome do credor, a taxa de juros, o total de prestações e o valor dessas prestações e vai somar para descobrir o valor real da dívida. Faça isso para todas as dívidas que você tiver.

O interessante é que a planilha vai te mostrar o valor real que você deve, e também as dívidas com as taxas de juros mais altas, ou seja, aquelas dívidas que crescem mais rápido. Com isso, você pode reorganizar a planilha da dívida mais crítica para a dívida menos crítica. As dívidas que possuem maiores taxas de juros, seguidas pelas de maior valor mensal de prestações, são as mais críticas e devem ser eliminadas antes.
Não pague o mínimo da fatura
Falando em cartão de crédito, a dica principal aqui é: jamais, jamais pague o mínimo da fatura do cartão de crédito. Se a fatura fechou ou está prestes a fechar e você já sabe que não terá o valor integral da fatura para pagar, o ideal é ligar para o banco e tentar negociar para parcelar o valor da dívida em parcelas menores, em 2 ou 3 vezes, no máximo.
Quando você paga o mínimo do cartão de crédito, você entra no rotativo do cartão, que é a taxa de juros mais alta que existe. Vou dar um exemplo para você: sua fatura fechou em R$1.000,00 e você não tem esse dinheiro todo para pagar. Mas o banco te deu a opção de pagar apenas R$200,00, que é ali o mínimo da fatura.
Se você pagar esses R$200,00, não quer dizer que os outros R$800,00 sumiram, você só postergou essa dívida, que no próximo mês, virá acrescida de juros, ou seja, ao invés de R$800, você vai estar devendo agora R$904,00 para o banco. Imagina se você começa a fazer isso todos os meses, e o pior, continua usando o cartão de crédito no meio disso tudo. A bola de neve vai aumentar até o ponto que você não terá condições de pagar mais.
Então, a melhor opção é tentar negociar com o banco uma parcela que caiba no seu orçamento e que quite essa dívida o mais rápido possível. Cuidado também quando o banco te oferecer para quitar a dívida em 12x, por exemplo. Quanto mais tempo para liquidar a dívida, maiores são os juros. Pergunte ao banco claramente o quanto de juros é acrescido mês a mês.
Pare de usar o cartão enquanto paga o parcelamento.
E o PRINCIPAL: enquanto não quitar essa dívida, não use o cartão de crédito mais! Esconda o cartão! Só volte a usar quando tiver quitado a dívida!
Esse foi um dos erros que eu cometi quando me endividei: além de parcelar a dívida, eu continuei usando o cartão de crédito, conforme ia liberando o limite. Tome muito cuidado com isso porque a chance de você não conseguir pagar a fatura de novo é bem alta e o problema só vai aumentar ainda mais!
Vale a pena pegar um empréstimo pessoal com juros menores para quitar o cartão de crédito?
Às vezes, dependendo do valor da dívida, pode ser interessante trocar a dívida do cartão de crédito por uma dívida mais barata, através do empréstimo pessoal. Aí você vai precisar colocar na ponta do lápis o valor das parcelas, a taxa de juros oferecida, para ver se vale a pena de fato pegar esse empréstimo, quitar o cartão e ficar apenas com a dívida do empréstimo. Mas isso precisa ser muito bem pensado! Não vai pegar um empréstimo, quitar o cartão e continuar usando o cartão sem planejamento nenhum! Você vai se endividar ainda mais!
Veja também os outros episódios da série:

PLANILHA FINANCEIRA
Eu estou usando uma planilha financeira para organizar os meus ganhos e gastos ao longo de todo o ano, mas você pode usar um aplicativo no celular, uma folha de papel em branco, não importa. Se preferir, você pode adquirir a planilha para se organizar junto comigo. Ela está disponível para você clicando aqui. Ela é bem intuitiva e fácil de usar e você não precisa de computador para acessar a planilha. Se preferir usar no celular, é só baixar o aplicativo Google Planilhas.
Como usar o cartão de crédito do jeito certo?
Agora se imagina aí, no futuro, sem dívidas… Imaginou? Imagine que o tempo passou, você conseguiu pagar o cartão de crédito, está com o nome limpo de novo e vai voltar a usar o cartão… Como fazer para não cair na armadilha do cartão de crédito de novo?
Eu separei algumas dicas para você que estão me ajudando e podem te ajudar também!
Construa a sua reserva do cartão de crédito
Antes de pensar em voltar a usar o cartão de crédito, eu te dou um conselho: monte uma reserva de cartão de crédito.
O que é isso, Inara? Basicamente, você vai estabelecer o limite do seu cartão de crédito (o seu limite, de acordo com o seu orçamento doméstico, e não o que o banco te deu) e vai primeiramente guardar em uma conta de investimentos esse valor “seguro”, que basicamente vai servir para uma emergência de crédito, ou seja, no caso de alguma eventualidade surgir e você não tiver dinheiro naquele mês para pagar a sua fatura!
Todas as vezes que precisar usar esse dinheiro, você paga a fatura e para de usar o cartão até repor esse dinheiro de volta na conta! Assim eu te garanto que você não vai se endividar com o cartão de novo!
Não pague anuidade de cartão de crédito.
A segunda dica é: pare de pagar anuidade de cartão de crédito. Se você abriu a sua fatura e viu lá uma cobrança de anuidade, ligue para o banco e solicite o cancelamento dessa anuidade. Se o banco se recusar, alegar que se trata de um benefício, ou que só pode oferecer anuidade para quem gasta x por mês no cartão, agradeça a ele e diga que vai trocar de banco. Simples assim!
Existem vários bancos com cartões de crédito livre de taxas e anuidades!
Tenha no máximo 2 cartões de crédito.
No máximo do máximo mesmo, fique com apenas 2 cartões de crédito. Mais que isso, você vai se embananar e vai acabar se endividando de novo, vai por mim! Para fazer um acompanhamento seguro das suas faturas e não extrapolar o seu orçamento, 2 cartões são mais que suficientes! Fique com os que mais te oferecem benefícios, como programas de fidelidade, milhas e cashback de volta na conta, e cancele os demais!
A regra de ouro do cartão de crédito
Cartão de crédito é meio de pagamento, não é extensão do seu salário.
Ou seja, se você não tem dinheiro para comprar à vista, então não deveria estar comprando à prazo.
Eu sei que isso nem sempre é possível na realidade da maioria dos brasileiros, mas ter isso em mente vai te ajudar na hora de escolher o que parcelar no cartão de crédito.
Faça o acompanhamento semanal da sua fatura
Por fim, faça o acompanhamento semanal da sua fatura. Tire pelo menos 20 minutinhos toda semana para abrir a fatura do seu cartão, anotar e analisar seus gastos. Se você abre a fatura só uma vez no mês, quando ela chega, é muito fácil se espantar com o valor! Se você faz o acompanhamento semanal, você consegue perceber que está extrapolando e consegue estancar o ferimento antes de sangrar demais!
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